Cinema na Caixa – Futuros Distópicos Parte 1

Aproveitando que nessa sexta (09/04) estréia no Brasil “A Estrada”, fiz uma lista de filmes que tem por temática principal o futuro distópico. Seja por conseqüência de algum evento catastrófico, ou pela simples “evolução” humana. Nesta primeira parte listei alguns filmes que mais marcaram que possuem essa ambientação. Na segunda parte, separei outros que também considero bons e algumas recentes decepções desse gênero.

Para começar, falarei um pouco da minha expectativa sobre o filme que estréia nesta sexta.

A Estrada (2009) – “The Road”

Numa América devastada, pai e filho devem permanecer juntos durante sua jornada através de terras desconhecidas para chegarem vivos até a costa.

Adaptação do livro de Cormac McCarthy (“Onde os Fracos Não Tem Vez”), é um filme passado num futuro distópico, que promete ser um bom drama, que explora bastante a relação entre pai e filho, e com boas cenas de tensão (visto pelos trailers). O filme possui um ótimo elenco (Viggo Mortensen, Charlize Theron, Robert Duvall e Guy Pearce), porém o diretor John Hillcoat é uma dúvida, apesar dos filmes anteriores a esse terem tidos boas críticas, não conheço nenhum outro trabalho dele.

Pelos trailers liberados e pela premissa do filme, torço pra que seja um filme interessante, porque eu quero ver no cinema.

E agora a primeira parte lista dos que considero os melhores filmes distópicos:

Eles Vivem (1988) – “They Live”

Não se trata de uma grande produção, muito pelo contrário,  não possui grandes atuações, bons efeitos visuais e nenhuma cena de ação de tirar o fôlego, mas o filme de Joe Carpenter, além de ser muito bem dirigido do começo ao fim, é uma grande sacada. Com mínimos recursos para se fazer um filme desse estilo, o jeito é fazer do roteiro o destaque da produção, a parte mais trabalhada e finalizada. E é o que acontece.

Os ET’s dominaram o mundo, mas (quase) ninguém sabe disso, com mensagens subliminares na mídia em geral, propagandas e etc, os aliens fazem com que os humanos os obedeçam. Porém, existe a resistência: Um grupo de pessoas que sabe da presença alienígena na terra, e que luta para “acordar” o mundo.

O filme é uma grande metáfora e uma crítica genial à boa parte da sociedade, que acaba aceitando tudo o que lhes é imposto.

Fahrenheit 451 (1966)

No futuro apresentado por François Truffaut, a função dos bombeiros é destruir os livros, colocando fogo neles. Num mundo onde ter/ler livros é um crime, o bombeiro Guy Montag (Oscar Werner) se deixa levar pela dúvida, e influenciado por uma vizinha misteriosa, começa a questionar o por que de sua função.

A adaptação do livro de Ray Bradbury, não chega a ser completamente fiel à obra original. Porém, levanta os mesmos questionamentos sobre a censura e reconstrói de forma eficaz as cenas de ação presentes no livro.

O destaque vai para os diálogos muito bem trabalhados, prinpalmente os de Montag com sua vizinha, Clarisse McClellan (Julie Christie), e após resolver ficar contra o sistema, com sua mulher, Linda Montag (Também interpretada por Julie).

Akira (1988)

Animação japonesa dirigida e adaptada pelo próprio criador dos mangás, Katsuhiro Ôtomo. A história, se passada em Neo-Tóquio, com foco em uma disputa entre duas gangues de motoqueiros que acaba envolvendo uma criança misteriosa, que descobre-se que fugiu de um projeto secreto do governo.

Um membro de uma das gangues, que é liderada por Kaneda, é raptado juntamenta com a outra criança e é submetido a diversas experiências, o que leva a conseqüências devastadoras. Enquanto isso, Kaneda se envolve com os mais variados tipos de pessoas para salvar seu companheiro.

Com um enredo envolvente e extremamente criativo, Akira é uma das melhores animações já feitas com um impacto visual forte e original e sinônimo até hoje de futuro distópico quando se trata de oriente.

Brazil (1985)

O futuro retrô surrealista criado por Terry Gilliam conta a história de um filhinho de papai chamado Sam Lowry (Jonathan Pryce), que trabalha numa empresa do governo. Um erro cometido por essa empresa, causa a morte de um homem inocente. Encarregado de consertar o equivoco, Lowry acaba se virando contra o estado e perseguido por este. Durante sua primeira missão ele conhece Jill Layton (Kim Greist), uma mulher que está sempre em seus sonhos.

Os sonhos de Lowry estão presentes durante o filme todo, e marcam esta “viagem” de duas horas e vinte minutos (versão do diretor). A fotografia retrô do mundo mostrado por Terry Gilliam chega a ser bizarra de tão criativa. Característica que combina com os personagens vividos e muito bem interpretados por Robert DeNiro (um misterioso funcionário de uma empresa de ar condicionados, e o verdadeiro alvo do governo, Archibald ‘Harry’ Tuttle) e Katherine Helmond (que vive a mãe de Lowry).

Dos filmes desta lista, é o único que não considero uma ficção científica, e sim uma fantasia.

Blade Runner (1982)

Rick Dekard (Harrison Ford) é um Blade Runner aposentado que, é forçado a voltar à antiga função de exterminar replicantes (clones humanos que tiveram sua presença proibida na Terra), quando um grupo deles vêm a Terra com o objetivo de prolongar seu tempo de vida.

O filme de ficção científica dirigido por Ridley Scott levanta diversas questões filosóficas que se encaixam perfeitamente no assunto abordado por ele.

As incansáveis investigações de Dekard atrás do grupo rebelde de replicantes trouxe um estilo neo-noir à história, aumentando o mistério presente na obra, que se tornou definitivamente um dois maiores filmes cult e que deixou uma das maiores dúvidas do cinema. O personagem de Harrison Ford, era ou não um replicante?

V de Vingança (2005) – “V for Vendetta”

V é um anti herói terrorista, cujo principal objetivo é causar o caos e a anarquia. Mas, como ele mesmo diz numa das melhores cenas do filme, “Tem mais do que carne por trás dessa máscara, por trás dessa máscara existe um ideal, e ideais são a prova de bala”.

Além da ótima ambientação presente no filme, a história se passa numa Inglaterra governada sob um forte regime totalitário, é visualmente muito interessante, com ótimas cenas de lutas e efeitos visuais. Muito bem estrelado pela ótima Natalie Portman, que atua de forma convincente durante o filme todo. Mas quem realmente rouba a cena é o personagem vivido por Hugo Heaving. V é contraditório e irônico, possui as melhores falas do filmes, e, junto com o fato de ser um idealista, o tornam um personagem excêntrico e divertidíssimo de se ver em tela.

11 comentários sobre “Cinema na Caixa – Futuros Distópicos Parte 1

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  • segunda-feira, 5 de abril de 2010 at 20:58
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    Comprei recentemente ‘A Estrada’ (livro), ainda não o li, mas tenho ótimas espectativas dele.

    Blade Runner assisti em HD recentemente, mas não me despertou interesse à altura do que é dito.

    A HQ de V de Vingança foi a primeira HQ adulta que li e… puta merda, muito boa.

    E deixando o melhor por último Fahrenheit 451 é para mim um dos melhores livros dentre TODOS que já li, Clarisse talvez, para mim, a melhore personagem de sempre.

    No mais ainda quero assistir (ou ler) Akira.

  • segunda-feira, 5 de abril de 2010 at 21:24
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    The Road é animal (já baixei e amei), um filmaço. Só não vai gostar quem é muito afobado que nem o Pepê, que não aguenta filme parado rs. Mas a sacada é ótima.

    Blade Runner é bom, mas confesso que até eu cansei com ele. V de Vingança é de chorar, literalmente, sempre choro nos discursos do V e no final do filme. O resto ainda não assisti, mas vou ver assim que puder!

    Ótimo post Paulo! Abraço

  • terça-feira, 6 de abril de 2010 at 1:48
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    Já que na lista consta Fahrenheit 451, livro que li recentemente porém não vi o filme, poderia constar também os filmes 1984 e Admirável Mundo Novo, que, a meu ver, influenciou bastante alguns filmes da lista, principalmente V de Vingança.

  • quarta-feira, 7 de abril de 2010 at 10:47
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    Olha só! Paulo de volta com o cinema na caixa!
    Voltou com tudo em cara?
    Ótimo post, parabéns!
    Realmente, excelente listagem. Como sugestão para a parte 2 eu indico 1984, Laranja Mecânica, Filhos da Esperança, 2001 e, já que citou anime, Ghost in the Shell.

    Abraço!

  • quarta-feira, 7 de abril de 2010 at 21:21
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    Os filmes de infestação zumbi, no geral, são muito bons no quesito “cenário pós apocaliptico”… gosto muito de Dawn e Day of the Dead do Romero (os dois melhores, ao meu ver)… Extermínio é ótimo tbm!

    Acho que também não podemos esquecer os clássicos de sessão da tarde: Mad Max (o terceiro rs) e Waterworld (alguém lembra desse?). Abraços!!!

  • quinta-feira, 8 de abril de 2010 at 0:16
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    The Book Of Eli eh um ótimo filme, mas a história do filme não é muito bem explicada nele… Quem já jogou Fallout vai gostar, o filme é baseado na história que criou o jogo

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  • quinta-feira, 15 de abril de 2010 at 19:17
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    ao amigo do primeiro post, tipo, vejo muita gente injustiçando filmes antigos q hj em dia são considerados os fodões cult…

    mas esqueçem q eles foram feitos na epoca e pra epoca, não faz mais tanto sentido quanto antigamente assistir hj em dia e não achar essas coisas todas, infelizmente com o tempo as coisas vão perdendo a magia…

    tem muita coisa antiga q na epoca foi um estardalhaço, mas hj em dia, chega a ser besta…

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  • sexta-feira, 30 de julho de 2010 at 15:41
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    É John Carpenter, e não “Joe”.

    ótima lista, Eles Vivem é um dos melhores filmes sobre esse tema, pena que não é muito conhecido.